Por: Gabriela Meira Aguado
Quando chega o final do ano parece que nossas energias se esgotam conforme os dias vão passando, e junto com nossas energias se vão nossas últimas gotas de paciência. Vamos ser bem sinceras? Quem aqui nunca deu uns belos gritos seu pequeno, que atire a primeira pedra.
Existem até alguns memes sobre o assunto com frases como: ‘Nóis é boa mãe, mas é cada grito que nóis dá’. Isso tudo só prova que somos humanos e que ultrapassar os limites esporadicamente é mais comum do que se imagina. Porém, vou levar você a refletir um pouco sobre os efeitos que esses gritos, castigos e ameaças acabam tendo biologicamente no cérebro das crianças.
Ao gritamos com uma criança, ameaçamos deixa-la sem a sobremesa se ela não jantar logo, discutimos na sua frente, etc… Todas essas situações trazem condutas negativas para a vida das crianças, pois liberam em seu cérebro adrenalina e cortisol. O cortisol é como se fosse um alerta geral do organismo, é uma resposta ao estresse e tem como consequência física o aumento da pressão arterial e o aumento do açúcar no sangue, além de propiciar energia muscular e pausar a renovação e criação de tecidos. Isso quer dizer que, ao liberar cortisol, nosso cérebro manda uma mensagem para o organismo, e o organismo pausa o processo de crescimento e de cura de feridas ou doenças, para solucionar uma nova emergência que foi ativada pelo cérebro. Um organismo onde se libera o cortisol a toda hora fica em pausa, além de atrapalhar questões como o sono e a aprendizagem.
Além do cortisol, a adrenalina vem com tudo como resposta a essas situações de ameaça física ou psíquica. A adrenalina nessa hora, prepara o corpo para grandes esforços físicos, estimulando o coração e maximizando o fluxo sanguíneo para braços e pernas. Com nossos ancestrais era essa mesma resposta que nosso organismo tinha, quando nos deparávamos com uma grande ameaça como um grande dinossauro e precisávamos fugir.
Quanto mais fazemos pressão nas crianças, quanto mais o ambiente em que ela vive tem gritos, ameaças, discussões, etc, mais cortisol e adrenalina será liberado em seu cérebro, fazendo com que ela fique com dificuldades na aprendizagem, no sono, na cura de seu organismo em casos de doenças e cicatrização de feridas, entre tantas outras consequências negativas.
Ninguém é de ferro… mas cientes do mal que podemos fazer aos nossos pequenos, vale a pena se esforçar no autocontrole e na auto regulação, não é mesmo?
Força aí e até a próxima semana.
—
Gabriela Meira Aguado